As principais mudanças nas recomendações de cuidado com o diabetes em 2025, segundo as diretrizes da American Diabetes Association (ADA) e da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), podem ser resumidas em pontos estratégicos que impactam o diagnóstico, o rastreamento, o tratamento e a abordagem das comorbidades associadas.
Principais Mudanças nas Recomendações de 2025
1. Critérios Ampliados para Rastreamento
- Idade para início do rastreamento: A SBD reduziu a idade recomendada para início do rastreamento de diabetes tipo 2 em adultos assintomáticos de 45 para 35 anos, mesmo sem fatores de risco conhecidos.
- Crianças e adolescentes: O rastreamento é indicado a partir dos 10 anos ou início da puberdade (o que ocorrer primeiro) em crianças e adolescentes com sobrepeso/obesidade e pelo menos um fator de risco adicional.
- Fatores de risco: Sobrepeso/obesidade (IMC ≥25 kg/m², ou ≥23 kg/m² para asiáticos), histórico familiar de diabetes, hipertensão, baixo HDL, triglicerídeos elevados, síndrome dos ovários policísticos, acantose nigricans, sedentarismo, pré-diabetes ou diabetes gestacional prévio.
2. Novos Critérios Diagnósticos
- Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) com leitura de 1 hora: O teste agora pode ser realizado com leitura após 1 hora, além da tradicional leitura após 2 horas. A leitura de 1 hora apresenta maior sensibilidade e acurácia na detecção precoce de alterações glicêmicas, além de ser mais rápida e cômoda para o paciente.
- Valores de corte específicos: A nova diretriz define valores de referência para a glicemia após 1 hora.
- Utilização de scores: Incorporação do escore FINDRISC como ferramenta de triagem para identificar indivíduos de alto risco.
3. Periodicidade dos Exames
- Triagem anual para pré-diabetes: Indivíduos com pré-diabetes devem repetir a triagem anualmente.
- Triagem trienal para exames normais: Para aqueles com exames normais, a repetição deve ocorrer a cada três ano.
4. Abordagem Multidisciplinar e Tecnológica
- Monitoramento contínuo da glicose (MCG): Recomendado para adultos com diabetes tipo 2 em uso de hipoglicemiantes não insulinéticos e para todos os pacientes insulinizados. O MCG não é utilizado para diagnóstico, apenas para monitoramento.
- Sistemas automatizados de infusão de insulina (AID): Uso precoce desde o diagnóstico para DM1 e DM2, visando otimização glicêmica.
- Inovações farmacológicas: Insulina semanal aprovada para adultos com DM1 e DM2, facilitando a adesão ao tratamento.
5. Tratamento Farmacológico e Controle de Comorbidades
- Fármacos com benefícios extras-glicêmicos: Ênfase em medicamentos que além de controlar a glicemia, reduzem risco cardiovascular e renal, como inibidores de SGLT2 e agonistas de GLP-1.
- Controle rigoroso de fatores de risco: Pressão arterial, lipídios e albuminúria devem ser monitorados e controlados com metas individualizadas.
- Populações especiais: Flexibilização de metas glicêmicas para idosos e contraindicação de medicamentos potencialmente teratogênicos em gestante
6. Prevenção e Intervenção Precoce
- Mudança de estilo de vida: Programas intensivos de mudança de estilo de vida podem reduzir o risco de DM2 em até 58% em 3 anos.
- Fluxogramas clínicos: Desenvolvimento de fluxogramas para orientar profissionais de saúde no rastreamento, diagnóstico e acompanhamento do diabetes, facilitando a prática clínica.
Essas mudanças refletem uma tendência global de diagnóstico precoce, abordagem individualizada, incorporação de novas tecnologias e foco na prevenção de complicações cardiovasculares e renais.
Referência
American Diabetes Association Professional Practice Committee. Introduction and methodology: standards of care in diabetes—2025. Diabetes Care. 2025;48(Suppl 1):S1–S5.