Estudo revela que doses de 40–60 mg de lurasidona são eficazes no tratamento da depressão bipolar, com melhorias significativas em sintomas de depressão e ansiedade.
Um novo estudo, publicado recentemente, investigou a eficácia e aceitabilidade do lurasidona para o tratamento da depressão bipolar, abordando a relação entre dose e resposta em termos de eficácia clínica, efeitos adversos e perfis metabólicos/endócrinos. A pesquisa, uma revisão sistemática e meta-análise de dose-resposta, incluiu dados de cinco ensaios clínicos randomizados, com 2032 pacientes, e abrangeu uma análise dos efeitos de diferentes doses de lurasidona.
Objetivo do Estudo
O estudo tinha como objetivo determinar a dose ideal de lurasidona para o tratamento da depressão bipolar, uma condição frequentemente associada à variação de sintomas emocionais intensos e alterações no comportamento. A análise abordou não apenas a eficácia do medicamento em termos de alívio dos sintomas, mas também sua aceitabilidade (taxas de abandono e efeitos adversos) e impactos nos perfis metabólicos e endócrinos, como alterações de peso, níveis de glicose, lipídios e prolactina.
Resultados Principais
Os dados revelaram que a dose terapêutica ótima de lurasidona, variando entre 40 e 60 mg/dia, foi eficaz para reduzir os sintomas de depressão, ansiedade, e melhorar a impressão global clínica e a deficiência funcional. As doses de 50 mg mostraram os seguintes resultados:
- Depressão: SMD −0,60 (IC 95%: −0,30, −0,89)
- Ansiedade: SMD −0,32 (IC 95%: −0,21, −0,42)
- Impressão Global Clínica: SMD −0,67 (IC 95%: −0,30, −1,03)
- Deficiência Funcional: MD −0,38 (IC 95%: −0,08, −0,69)
Efeitos Adversos e Perfil Metabólico
Embora as doses mais altas de lurasidona (100 mg) estivessem associadas a um aumento nos efeitos adversos, como aumento de peso e alterações nos níveis de prolactina, a taxa de desistência do tratamento, mudança para mania e suicídio não apresentaram uma relação dose-resposta significativa. Além disso, os efeitos metabólicos variaram de acordo com a dose:
- Peso corporal: Aumento significativo nas doses inferiores a 60 mg (40 mg: MD 0,38 kg, IC 95%: 0,16, 0,60)
- Glicose sanguínea: Elevação em doses superiores a 70 mg (100 mg: MD 3,16 mg/dL, IC 95%: 0,76, 5,57)
- Prolactina: Aumento tanto em homens (50 mg: 3,21 ng/mL, IC 95%: 1,59, 4,84; 100 mg: 5,61 ng/mL, IC 95%: 2,42, 8,81) quanto em mulheres (50 mg: 6,64 ng/mL, IC 95%: 3,50, 9,78; 100 mg: 5,33 ng/mL, IC 95%: 0,67, 10,00).
Conclusões
Com base nos achados, a dose diária de 40 a 60 mg de lurasidona parece ser uma escolha razoável para o tratamento da depressão bipolar, oferecendo um equilíbrio entre eficácia e aceitabilidade. Contudo, os profissionais devem monitorar atentamente os efeitos adversos, especialmente em doses mais altas.
Referencia
Aaron RV, Ravyts SG, Carnahan ND, Bhattiprolu K, Harte N, McCaulley CC, et al. Prevalence of depression and anxiety among adults with chronic pain: a systematic review and meta-analysis. JAMA Netw Open. 2025 Mar 3;8(3):e250268. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.0268. PMID: 40053352; PMCID: PMC11889470.