O TAG é um transtorno mental crônico caracterizado por ansiedade persistente, preocupação excessiva e sintomas somáticos. É mais comum em mulheres, pessoas idosas e indivíduos com menor escolaridade. Com uma prevalência mundial estimada de 3,7%, o TAG representa mais de 50% dos diagnósticos de ansiedade em atenção primária.
As diretrizes clínicas recomendam psicoterapia e farmacoterapia. ISRS, IRSN, pregabalina e benzodiazepínicos são frequentemente utilizados, embora haja limitações relacionadas à eficácia e tolerabilidade, especialmente em longo prazo.
Uma revisão sistemática com meta-análise em rede publicada no periódico International Clinical Psychopharmacology (2025) avaliou a eficácia e a tolerabilidade da agomelatina no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada (TAG) em adultos, comparando-a com outras medicações aprovadas por agências regulatórias como EMA e FDA.
O estudo utilizou dados de 25 ensaios clínicos randomizados (RCTs), envolvendo medicamentos como duloxetina, venlafaxina, escitalopram, paroxetina e pregabalina. A análise focou em dois desfechos principais: remissão dos sintomas e taxa de descontinuação por eventos adversos (AEs).
Resultados
Eficácia (Remissão):
- A agomelatina teve remissão significativamente superior à pregabalina (OR: 2,22; IC 95%: 1,19–4,21).
- Comparações com duloxetina, venlafaxina, escitalopram e paroxetina também favoreceram a agomelatina, embora sem significância estatística.
- A probabilidade da agomelatina ser o tratamento mais eficaz foi de 67%, segundo o modelo SUCRA (Surface Under the Cumulative Ranking Curve).
Tolerabilidade (Descontinuação por AEs):
- Embora as diferenças não tenham sido estatisticamente significativas, todos os comparativos apontaram menor chance de descontinuação com agomelatina:
- vs. duloxetina (OR: 0,30), vs. venlafaxina (OR: 0,33), vs. escitalopram (OR: 0,49), vs. paroxetina (OR: 0,44), vs. pregabalina (OR: 0,66).
- A agomelatina teve a maior probabilidade (68%) de ser o tratamento mais bem tolerado entre os fármacos avaliados.
Conclusão e Implicações Clínicas
A agomelatina demonstrou-se altamente promissora para o tratamento de TAG, com desempenho superior em remissão sintomática frente à pregabalina e melhor perfil de tolerabilidade em comparação a diversas outras opções terapêuticas. Embora as diferenças frente a ISRS e IRSN não tenham alcançado significância estatística, a consistência dos dados e o posicionamento superior nos rankings SUCRA reforçam seu potencial clínico.
Dentre as limitações destacadas, estão a variabilidade entre os estudos incluídos (populações com diferentes faixas etárias e severidades), amostras pequenas e ausência de dados de longo prazo, o que reduz a generalização dos achados. Também foi apontada a exclusão de dados de mundo real e estudos abertos, que poderiam ampliar a compreensão da eficácia prática do medicamento.
Mesmo assim, os autores concluem que, considerando eficácia e tolerabilidade, a agomelatina pode ser considerada uma opção preferencial no manejo farmacológico do TAG, especialmente para pacientes que não toleram ou não respondem adequadamente a ISRS ou IRSN.
Referência:
Hood SD, et al. Systematic review and network meta-analysis of agomelatine for the treatment of generalized anxiety disorder in adult patients. Int Clin Psychopharmacol. 2025;40(2):62–74. doi: 10.1097/YIC.0000000000000551