Risco de Diabetes Após Paratireoidectomia em Pacientes com Hiperparatireoidismo Primário

O hiperparatireoidismo primário (HPTP) é uma condição endocrinológica caracterizada pela produção excessiva de hormônio da paratireoide (PTH), geralmente causada por adenoma ou hiperplasia das glândulas paratireoides. Essa produção excessiva resulta em hipercalcemia, que pode causar diversos efeitos sistêmicos, incluindo complicações ósseas, renais e metabólicas. Embora o HPTP seja frequentemente assintomático, os pacientes podem apresentar sintomas relacionados ao excesso de cálcio no sangue, como fadiga, fraqueza muscular, constipação e aumento da micção. Além disso, o impacto metabólico do HPTP inclui resistência à insulina e alterações no metabolismo da glicose, fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus.

A paratireoidectomia é o tratamento definitivo para o HPTP, indicado principalmente em pacientes sintomáticos, com hipercalcemia significativa ou complicações associadas, como osteoporose ou nefrolitíase. A cirurgia consiste na remoção do paratireoide hiperfuncionante, o que geralmente resulta na normalização dos níveis de PTH e cálcio no sangue. Estudos recentes avaliaram o efeito da paratireoidectomia sobre o metabolismo glicêmico, especialmente o risco de diabetes mellitus após o procedimento.

Um estudo de coorte retrospectivo analisou pacientes com HPTP submetidos à paratireoidectomia para investigar a incidência de diabetes mellitus após a cirurgia. Os resultados indicaram que, embora a normalização do PTH e dos níveis de cálcio melhore vários aspectos metabólicos, há uma associação clínica relevante entre o HPTP e o risco de desenvolver diabetes, possivelmente mediado pela resistência à insulina provocada pelo excesso de PTH e hipercalcemia crônica. Uma cirurgia, ao restaurar o equilíbrio hormonal, pode reduzir essa resistência, porém o risco de diabetes ainda deve ser monitorado, especialmente em pacientes com fatores predisponentes à doença metabólica.

Esses resultados reforçam a importância do acompanhamento endocrinológico contínuo após paratireoidectomia, incluindo a vigilância da função glicêmica e a gestão proativa de fatores de risco para diabetes. Uma abordagem multidisciplinar é essencial para melhorar os resultados em pacientes com HPTP, mudando não apenas a correção do distúrbio mineral, mas também a prevenção de complicações metabólicas a longo prazo.

Em suma, o manejo do hiperparatireoidismo primário envolve diagnóstico precoce, tratamento cirúrgico eficaz e monitoramento pós-operatório detalhado. A compreensão das interações entre o PTH, o metabolismo do cálcio e o controle glicêmico é fundamental para aprimorar a saúde geral dos pacientes e reduzir o impacto das comorbidades associadas.

Referência

Xavier CM. Tratamento cirúrgico do hiperparatireoidismo primário: avaliação retrospectiva de pacientes submetidos a paratireoidectomia. Botucatu: Universidade Estadual Paulista; 2020.