Recomendações inéditas reforçam a importância de sono, práticas alimentares e uso contínuo de medicamentos para prevenção e reversão do diabetes
A Associação Americana de Diabetes (ADA) e a Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) divulgaram em 2025 uma nova diretriz conjunta que atualiza as estratégias de prevenção e retardo da progressão do diabetes tipo 2 (DM2) com foco no manejo ativo da obesidade. Especialistas classificam o controle do peso como central para evitar e até reverter o DM2, propondo mudanças significativas na abordagem clínica de adultos e jovens em risco.
Segundo as entidades, mais de 90% das pessoas com diabetes tipo 2 têm sobrepeso ou obesidade. As novas recomendações determinam o rastreamento sistemático de adultos acima de 35 anos e jovens com fatores de risco. O objetivo é detectar precocemente situações de risco, intervir antes do adoecimento e personalizar o tratamento conforme o perfil de cada paciente.
A diretriz estabelece que intervenções intensivas em estilo de vida — que contemplam alimentação equilibrada, atividade física regular, manutenção do sono saudável e apoio psicológico — continuar a ser o método mais eficaz para evitar ou adiar o diabetes. Os dados indicam que uma perda de peso superior a 7% pode reduzir de maneira expressiva o risco de desenvolver DM2. Já para quem já tem DM2 recém-diagnosticado, reduzir o peso em 10–15% pode levar à remissão da doença em mais de 80% dos casos.
Entre as novidades deste ano, ganha destaque o sono: noites mal dormidas são apontadas como fator de risco tão relevante quanto ao sedentarismo e à alimentação desequilibrada. A orientação é tratar transtornos do sono como prioridade no acompanhamento preventivo e terapêutico, além de recomendar o consumo majoritário de alimentos in natura, menos ultraprocessados, e o uso criterioso e de curto prazo de adoçantes.
No campo dos medicamentos, a diretriz atualiza o papel dos agonistas de GLP-1 e de novos medicamentos duais (GLP-1/GIP), que passam a ser recomendados não apenas para controle glicêmico, mas também para a redução sustentada do peso. Segundo os autores, suspender o medicamento após atingir o objetivo de emagrecimento pode comprometer a manutenção dos resultados — a recomendação agora é prolongar o uso, conforme avaliação individualizada. A cirurgia metabólica foi mantida como alternativa para casos graves, enquanto o acompanhamento multidisciplinar e tecnologia de monitoramento (como CGM) são incentivados para ampliar a segurança dos pacientes.
Outra inovação da diretriz é a ênfase no combate ao estigma e à desigualdade de acesso ao acompanhamento. O texto classifica o preconceito contra a obesidade como barreira à adesão e aos resultados positivos, recomendando abordagens centradas na pessoa e atenção permanente aos determinantes sociais da saúde.
Por fim, as entidades sugerem monitoramento regular de medidas antropométricas, rastreamento de comorbidades associadas ao DM2 e uso de suplementos como vitamina D em situações específicas — embora para esta última, ressaltem que o benefício ainda carece de confirmação em estudos maiores.
Com a publicação da diretriz, espera-se uma ampliação do acesso às ferramentas mais modernas para lidar com a epidemia de obesidade e diabetes, com ênfase na prevenção precoce, terapias inovadoras e estratégias integradas de promoção da saúde.
Referências
American Diabetes Association. Standards of care in diabetes—2025. Diabetes Care. 2025;48(Suppl 1):S1–S352. Available from: https://diabetes.org/newsroom/press-releases/american-diabetes-association-releases-standards-care-diabetes-2025
Wisconsin Academy of Family Physicians. Padrões de atendimento médico em diabetes 2025 da ADA: atualizações! [Internet]. 2025. Available from: https://www.wafp.org/assets/files/2025_ADA_Updates_All_Sections_95.pdf
