Um estudo realizado em Bangladesh revelou que 9,3% dos adolescentes são viciados em jogos eletrônicos e 28,3% apresentam dependência de mídias sociais, como o Facebook. A pesquisa envolveu 800 adolescentes (14–15 anos) de 4 escolas públicas e privadas em Rajshahi, Bangladesh. A exposição de interesse foi o uso problemático de jogos eletrônicos e redes sociais (principalmente Facebook). Os desfechos avaliados foram sintomas de depressão (PHQ-9) e desempenho acadêmico (média anual de notas).
Foram utilizadas escalas validadas:
- IGDS9-SF para dependência de jogos;
- BSMAS para uso problemático de redes sociais.
Regressões logísticas múltiplas foram empregadas para avaliar as associações entre variáveis, com controle para fatores como sexo, escolaridade dos pais, padrão de sono, atividades físicas e frequência escolar.
Principais Descobertas
– Prevalência:
- 9,3% dos adolescentes relataram vício em jogos eletrônicos.
- 28,3% relataram vício em mídias sociais.
– Associação com Depressão:
- A cada ponto a mais na escala PHQ-9, o risco de dependência de jogos eletrônicos aumentou em 14% (OR: 1,14) e de mídias sociais em 12% (OR: 1,12).
– Associação com Desempenho Acadêmico:
- A cada ponto adicional na média de desempenho escolar, o risco de vício em jogos caiu 33% (OR: 0,67) e em redes sociais caiu 29% (OR: 0,71).
– Outros Fatores de Risco:
- Sexo masculino, mães sem escolaridade, sono inferior a 6h/dia, uso digital > 4h/dia, baixa atividade física e absenteísmo escolar foram significativamente associados ao uso problemático.
Limitações
- Desenho transversal impede inferência causal.
- Estudo limitado a uma cidade (Rajshahi), restringindo a generalização.
- Avaliação baseada em autorrelato e instrumentos de triagem, sem entrevistas clínicas.
- Apenas Facebook foi avaliado como rede social.
Essas limitações indicam a necessidade de estudos futuros com amostras mais representativas, métodos mais robustos e avaliações mais abrangentes para explorar melhor os impactos da dependência tecnológica em adolescentes.
Implicações Clínicas
- Saúde Mental: Profissionais devem estar atentos ao impacto do uso excessivo de tecnologia na saúde mental de adolescentes, especialmente em casos de depressão.
- Intervenções: Programas de conscientização e educação sobre o uso responsável de tecnologia podem ajudar a mitigar os efeitos negativos.
- Monitoramento: Pais e educadores devem monitorar o tempo de tela e incentivar atividades físicas e sociais para promover equilíbrio e bem-estar.
Conclusão
Este estudo destaca a necessidade de intervenções direcionadas para reduzir o uso excessivo de jogos eletrônicos e mídias sociais, protegendo a saúde mental e o desempenho acadêmico de adolescentes.
Referência:
Rahman M, et al. Technology Addiction: Effects of Electronic Games and Social Media Use on Academic Performance and Symptoms of Psychiatric Disorders Among School-Age Adolescents. Health Sci Rep. 2025;8:e71045. https://doi.org/10.1002/hsr2.71045
