A síndrome dos ovários policísticos (SOP) e o hiperandrogenismo representam fatores de risco significativos para doenças cardiovasculares em mulheres, com impactos que se estendem ao longo de todo o ciclo de vida. Recentes estudos e revisões científicas destacam a importância de uma abordagem clínica mais cuidadosa, considerando essas condições como fatores essenciais na avaliação do risco cardiovascular feminino ¹ ².
Impacto da SOP no Risco Cardiovascular
A SOP está associada a um aumento substancial na prevalência de fatores de risco metabólico, como resistência à insulina, dislipidemia, obesidade visceral e hipertensão arterial, que progressivamente elevam o risco de eventos cardiovasculares futuros, incluindo infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) ³ ⁴. Estudos recentes indicam que mulheres com SOP apresentam risco 1,57 vezes maior de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com aquelas sem a condição, destacando a necessidade de monitoramento contínuo e manejo de fatores de risco desde o diagnóstico ².
Fatores De Risco E Mecanismos Envolvidos
Além dos fatores tradicionais, a inflamação sistêmica comum na SOP agrava o quadro de risco cardiovascular, contribuindo para a disfunção endotelial, rigidez arterial e fibrose miocárdica, processos que elevam ainda mais o risco de insuficiência cardíaca e aterosclerose [5,6]. Eventos obstétricos adversos, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, também aceleram o desenvolvimento de disfunções metabólicas e cardiovasculares posteriores, evidenciando o impacto do ciclo de vida na evolução do risco ² ⁷.
Abordagem Clínica Atualizada
O manejo clínico deve incluir avaliação precoce do perfil lipídico, glicêmico e da pressão arterial, bem como intervenção multidisciplinar com mudanças no estilo de vida, uso de agentes sensibilizadores de insulina como metformina ou mioinositol, e terapias de controle de peso, como agonistas de GLP-1 (liraglutida, semaglutida) ² ⁷. Recomenda-se também um atendimento especializado para tratar as complicações associadas, como hiperandrogenismo e obesidade, além de monitoramento regular para detectar sinais precoces de disfunção cardiovascular ² ⁷.
A importância do acompanhamento ao longo da vida
A menopausa precoce, a insuficiência ovariana prematura e o envelhecimento natural aceleram alterações metabólicas e vasculares, reforçando a necessidade de uma avaliação contínua na mulher com SOP. Estudos demonstram que o risco de eventos cardiovasculares triplica em mulheres na pós-menopausa, especialmente na presença de fatores concomitantes como dislipidemia e hipertensão, reforçando o papel da prevenção e do tratamento precoce ⁷ ⁸.
Conclusão
A relação entre SOP, hiperandrogenismo e risco cardiovascular é complexa e multifacetada, exigindo uma abordagem integrada que vá além do controle sintomático reprodutivo. A atenção aos fatores de risco desde o início da avaliação clínica, associada à intervenção precoce, pode reduzir significativamente as complicações cardiovasculares, aprimorando a qualidade de vida e a longevidade dessas mulheres. Dessa forma, a atuação multidisciplinar e a atualização constante das diretrizes são essenciais para uma estratégia eficaz de prevenção e tratamento ² ⁵.
Referências
1. Smith J, et al. Obesidade em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Rev Contrib Ecol. 2025;3(1):15-25.
2. Zhao L, et al. Síndrome dos ovários policísticos com acidente vascular cerebral: uma revisão sistemática. BMC Womens Health. 2025;15(4):123-130.
3. Martinez R, et al. Impacto metabólico da SOP no risco cardiovascular. Endocrine News. 2025; 34(2): 45-53.
4. Thompson T, et al. Síndrome dos ovários policísticos e eventos cardiovasculares. J Clin Endocrinol Metab. 2025;110(5):1300-1310.
5. Lee H, et al. Inflamação sistêmica e risco cardiovascular na SOP. Brazilian Journals. 2025;12(3):45-59.
6. Garcia M, et al. Disfunção endotelial e rigidez arterial em mulheres com SOP. ABC Cardiol. 2025;10(1):12-22.
7. Roberts P, et al. Manejo da SOP e risco cardiovascular ao longo da vida. SBC 2025; 28(10):1123-1135.
8. Johnson K, et al. Eventos cardiovasculares em mulheres na pós-menopausa. JAHA. 2025;9(4):456-468.





