Exercícios Físicos e Terapias Comportamentais Mostram Efeitos Sustentados no Controle Inibitório em Crianças com TDAH

Uma meta-análise em rede publicada no Journal of Psychiatric Research avaliou, pela primeira vez, a eficácia de longo prazo de diferentes intervenções não farmacológicas no controle inibitório de crianças e adolescentes com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). A pesquisa, conduzida por Jingyi Zhou e colaboradores, analisou 42 ensaios clínicos randomizados envolvendo 1.981 participantes, com idade média de 10 anos.

Contexto: Além da Medicação

O controle inibitório — a capacidade de suprimir distrações e focar em metas — é considerado o principal déficit cognitivo em pacientes com TDAH. Embora os medicamentos estimulantes sejam a primeira linha de tratamento, seus efeitos colaterais (insônia, perda de apetite, cefaleia) e a ausência de benefícios cognitivos sustentados motivam a busca por alternativas não farmacológicas.

Principais Achados

A meta-análise comparou sete tipos de intervenções não medicamentosas. Os resultados indicaram que:

  • Exercícios físicos tiveram o maior impacto imediato na melhora do controle inibitório (SUCRA: 85,9%), mas o efeito diminuiu após o término da intervenção.
  • Terapia comportamental apresentou efeito moderado a curto prazo e foi a intervenção com melhor manutenção de benefícios ao longo do tempo (SUCRA: 95,1%).
  • Treinamento cognitivo também mostrou ganhos sustentados, ainda que menores que os da terapia comportamental.
  • Neurofeedback proporcionou melhora inicial, mas com efeito reduzido no seguimento.
  • Meditação, jogos de tabuleiro e biofeedback por eletromiografia não apresentaram benefícios significativos no controle inibitório.

Implicações Clínicas

Os resultados reforçam que terapias não farmacológicas podem ser alternativas ou complementares relevantes ao tratamento do TDAH. Intervenções como terapia comportamental e treinamento cognitivo, apesar de menos impactantes inicialmente do que o exercício físico, apresentam maior durabilidade dos efeitos, o que pode trazer vantagens práticas no manejo clínico de crianças e adolescentes.

No entanto, os autores alertam que o estudo não avaliou sintomas centrais do TDAH (hiperatividade, desatenção, impulsividade) nem desfechos funcionais, como desempenho escolar e social. Assim, não há evidências suficientes para recomendar mudanças nas diretrizes atuais de tratamento.

Referências

Zhou J, Jiang W, Wang J, Dou J. Network meta-analysis of the effects of long-term non-pharmacologic treatment on inhibitory control in children and adolescents with attention deficit hyperactivity disorder. J Psychiatr Res. 2025;187:261-276. doi:10.1016/j.jpsychires.2025.05.028.