Estudo revela associação entre sintomas depressivos e biomarcadores da doença de Alzheimer em adultos sem demência. Pesquisadores da Bélgica e da Holanda analisaram dados de 648 adultos cognitivamente saudáveis ou com comprometimento cognitivo leve (CCL), provenientes de três grandes coortes (ADNI, ALFA+, EMIF-AD). O objetivo: investigar se sintomas depressivos leves a moderados estão associados à patologia amiloide, marcador precoce da doença de Alzheimer (DA).
Principais Achados
- Indivíduos com maiores escores na Geriatric Depression Scale (GDS) apresentaram maior probabilidade de ter positividade para β-amiloide em PET ou líquor, mesmo sem diagnóstico de demência.
- O efeito foi mais pronunciado em adultos com comprometimento cognitivo leve.
- A associação entre depressão e acúmulo de amiloide foi independente de idade, sexo, escolaridade, uso de antidepressivos, status APOE ε4 e nível de tau.
Implicações Clínicas
- Sintomas depressivos em idosos — mesmo sem transtorno depressivo maior — podem representar um marcador comportamental precoce de DA.
- O achado reforça a importância de avaliar sintomas depressivos leves com atenção neurológica, especialmente em pacientes com queixas cognitivas.
- Pode haver janela de oportunidade para rastreio e intervenção precoce em indivíduos com risco silencioso de Alzheimer.
Relevância Prática
Na prática clínica, o estudo convida à integração entre psiquiatria e neurologia geriátrica, com atenção redobrada à depressão subclínica em idosos. Tais sintomas podem não ser apenas reativos ao declínio funcional, mas também refletir alterações neurobiológicas subjacentes relacionadas à DA.
Referencia
Wiels WA, Oomens JE, Engelborghs S, et al. Depressive Symptoms and Amyloid Pathology. JAMA Psychiatry. 2025;82(3):296–310. doi:10.1001/jamapsychiatry.2024.4305.