A esketamina intranasal é aprovada como adjuvante a antidepressivos em casos de depressão resistente ao tratamento (DRT). Contudo, este novo estudo randomizado duplo-cego, multicêntrico e controlado por placebo, conduzido em adultos com DRT, investigou a eficácia da esketamina como monoterapia, sem uso concomitante de antidepressivos orais.
Metodologia em Destaque
- Amostra: 273 adultos com DRT (falha ≥2 antidepressivos no episódio atual).
- Intervenção: Esketamina nasal 56 mg ou 84 mg, 2x/semana por 4 semanas.
- Grupo controle: Placebo nasal com mesma frequência.
- Desfecho primário: Redução da pontuação na escala de depressão de Montgomery-Asberg (MADRS) na semana 4.
Resultados Relevantes
- Redução média na MADRS:
- Esketamina: −15,6 pontos
- Placebo: −11,1 pontos
- Diferença estatisticamente significativa: −4,4 pontos (p = 0,003)
- Remissão (MADRS ≤12):
- Esketamina: 29%
- Placebo: 17%
- Resposta clínica (≥50% de redução na MADRS):
- Esketamina: 48%
- Placebo: 34%
Eventos adversos comuns: dissociação, tontura, náusea e cefaleia. Nenhuma nova preocupação de segurança foi identificada.
Implicações Clínicas
Este é o primeiro grande estudo controlado a demonstrar que a esketamina pode ser eficaz como monoterapia em DRT, desafiando a prática atual de usá-la apenas como adjuvante a antidepressivos orais. Embora a magnitude da diferença em relação ao placebo seja modesta, os achados ampliam as possibilidades terapêuticas para pacientes refratários ou intolerantes a antidepressivos tradicionais.
Relevância prática:pode ser uma alternativa especialmente útil em pacientes que não toleram ISRS/IRNS ou quando há contraindicações farmacológicas.
Referência
Janik A, Qiu X, Lane R, et al. Esketamine Monotherapy in Adults With Treatment-Resistant Depression: A Randomized Clinical Trial. JAMA Psychiatry. Published online July 02, 2025. doi:10.1001/jamapsychiatry.2025.1317