Baxdrostat: Um Novo Marco no Tratamento da Hipertensão Resistente?

Um novo agente anti-hipertensivo está chamando a atenção da comunidade científica. O baxdrostat, pertencente a uma classe inédita de medicamentos que bloqueiam seletivamente a produção de aldosterona — hormônio diretamente ligado ao aumento da pressão arterial — apresentou resultados promissores em um dos primeiros ensaios clínicos de fase 3, o BaxHTN.

Resultados do Estudo

Entre pacientes com hipertensão resistente ou não controlada, o baxdrostat reduziu em média:

  • 9 mm Hg na pressão arterial sistólica medida em consultório após 12 semanas;
  • 15 mm Hg na pressão sistólica de 24 horas, avaliada por monitoramento ambulatorial.

Esses achados foram apresentados no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC 2025) e publicados simultaneamente no The New England Journal of Medicine. A reação foi imediata: aplausos espontâneos da plateia.

Por Que é Considerado um “Divisor De Águas”?

Segundo o professor Bryan Williams, MD, da University College London e pesquisador sênior do estudo, o medicamento atinge o mecanismo central da hipertensão resistente, reduzindo não apenas a pressão arterial, mas também o risco futuro de doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, insuficiência renal e até demência.

Williams destacou ainda que a resposta ao tratamento foi “notavelmente consistente em todos os subgrupos” e se manteve mesmo após a interrupção do medicamento, reforçando o papel central da aldosterona na hipertensão de difícil controle.

Segurança e Tolerabilidade

O baxdrostat foi, em geral, bem tolerado, sem efeitos adversos inesperados. Como esperado pela inibição da aldosterona, houve um discreto aumento dos níveis de potássio, especialmente nas doses mais altas. Esse efeito, no entanto, é conhecido da prática clínica e pode ser manejado com monitoramento laboratorial.

Um Passo Além no Controle da Hipertensão

O estudo incluiu 794 pacientes, todos já em tratamento com, em média, três anti-hipertensivos (incluindo diuréticos). Ainda assim, o baxdrostat mostrou reduções significativas e superiores ao placebo.

Para o cardiologista Tomasz Guzik, MD, PhD, da Universidade de Edimburgo, que não participou da pesquisa, o dado mais impressionante foi a durabilidade do efeito, com mínimo aumento da pressão mesmo após a suspensão do fármaco. Segundo ele, isso sugere que o medicamento pode alterar a trajetória fisiopatológica da doença, indo além do simples controle pressórico.

O Que Esperar Daqui Para Frente?

Considerando que cerca de 50% dos pacientes com hipertensão no mundo não atingem as metas de tratamento, o surgimento de um novo grupo terapêutico é visto como um verdadeiro triunfo da descoberta científica.

Se os resultados forem confirmados em estudos maiores e o baxdrostat obtiver aprovação regulatória, médicos terão à disposição um recurso inovador para pacientes com hipertensão resistente — uma das maiores lacunas atuais no manejo cardiovascular.

Referências

Hughes S. Baxdrostat: A ‘Game Changer’ for Hypertension? Medscape Medical News [Internet]. 31 ago 2025 [citado em 9 set 2025]. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/baxdrostat-game-changer-hypertension-2025a1000mz7