Triplicou o Número de Mortes por Cânceres Associados à Obesidade nos EUA: O Que Isso Significa?

Nas últimas duas décadas, os Estados Unidos testemunharam um aumento alarmante nas mortes por cânceres associados à obesidade. Segundo dados apresentados no ENDO 2025, o número de óbitos triplicou entre 1999 e 2020, revelando uma crise silenciosa de saúde pública que afeta milhões de americanos e exige respostas urgentes de profissionais, gestores e da sociedade.

O Que São Cânceres Associados à Obesidade?

A obesidade é reconhecida como fator de risco para pelo menos 13 tipos de câncer, incluindo:

  • Adenocarcinoma de esôfago
  • Mama (pós-menopausa)
  • Cólon e reto
  • Útero
  • Vesícula biliar
  • Estômago (superior)
  • Rim
  • Fígado
  • Ovário
  • Pâncreas
  • Tireoide
  • Meningioma (cérebro)
  • Mieloma múltiplo

Esses cânceres representam cerca de 40% de todos os diagnósticos de câncer nos EUA a cada ano.

O Crescimento das Mortes: Números e Tendências

  • Entre 1999 e 2020, as mortes por cânceres ligados à obesidade subiram de 3,7 para 13,5 por milhão de habitantes, um aumento de mais de 260%.
  • O estudo analisou mais de 33 mil mortes, usando dados do CDC.
  • O crescimento foi mais acentuado entre mulheres, idosos, negros, nativos americanos e moradores de áreas rurais.
  • O Centro-Oeste dos EUA apresentou as maiores taxas, enquanto o Nordeste teve as menores.

Por Que a Obesidade Aumenta o Risco de Câncer?

A obesidade provoca alterações hormonais, inflamatórias e metabólicas que favorecem o surgimento e a progressão de tumores. Entre os mecanismos envolvidos estão:

  • Aumento de estrogênio e insulina circulantes
  • Inflamação crônica de baixo grau
  • Alterações no sistema imunológico
  • Acúmulo de gordura visceral, que afeta órgãos e tecidos próximos

Esses fatores criam um ambiente propício para o desenvolvimento de células cancerígenas e dificultam o controle da doença.

Impacto Social e Desigualdades

O aumento das mortes não é homogêneo:

  • Mulheres: Mais afetadas, especialmente em cânceres de mama e útero.
  • Idosos: Mais de 90% dos novos casos ocorrem em pessoas com 50 anos ou mais.
  • Negros e nativos americanos: Sofrem taxas desproporcionalmente altas, reflexo de desigualdades históricas no acesso à saúde, alimentação saudável e prevenção.
  • Áreas rurais: Menor acesso a diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Por Que Isso Está Acontecendo Agora?

  • Prevalência de obesidade: Mais de 40% dos adultos americanos têm obesidade, resultado de fatores genéticos, ambientais, sociais e econômicos.
  • Mudanças no estilo de vida: Dietas ultraprocessadas, sedentarismo e ambientes obesogênicos.
  • Desigualdade alimentar: “Desertos alimentares” e “food swamps” aumentam o risco em comunidades vulneráveis.

O Que Pode Ser Feito?

1. Prevenção e Educação

  • Campanhas de conscientização sobre alimentação saudável e atividade física.
  • Políticas públicas para reduzir o consumo de ultraprocessados e bebidas açucaradas.
  • Incentivo à criação de ambientes urbanos que favoreçam o movimento.

2. Diagnóstico Precoce

  • Programas de rastreamento para cânceres mais prevalentes em pessoas com obesidade.
  • Acesso facilitado a exames e consultas, especialmente em áreas rurais e para minorias.

3. Tratamento Personalizado

  • Abordagem multidisciplinar: médicos, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos.
  • Novas terapias farmacológicas para obesidade e câncer.
  • Redução do estigma e promoção do cuidado centrado no paciente.

Reflexão Final

O triplo aumento nas mortes por cânceres associados à obesidade nos EUA é um alerta para o mundo. A obesidade não é apenas uma questão estética, mas um problema de saúde pública com consequências graves e duradouras. Enfrentar essa epidemia exige ações integradas, políticas inclusivas e o compromisso de todos os setores da sociedade.

A boa notícia é que muitos desses cânceres podem ser prevenidos com mudanças no estilo de vida, acesso à saúde de qualidade e políticas públicas eficazes. O desafio está lançado: transformar conhecimento em ação para salvar vidas

Referências

Ahmed F. Obesity-associated cancer deaths have tripled in the United States over the past two decades: results from a CDC mortality data analysis, 1999–2020. Presented at: ENDO 2025, The Endocrine Society Annual Meeting; 2025 Jul 13; San Francisco, CA.

News-Medical. Study: Obesity-linked cancer deaths have tripled in the United States [Internet]. 2025 Jul 14 [cited 2025 Jul 14]. Available from: https://www.news-medical.net/news/20250713/Study-Obesity-linked-cancer-deaths-have-tripled-in-the-United-States.aspx

Petrelli F, Cortellini A, Indini A, et al. Association of obesity with survival outcomes in patients with cancer: a systematic review and meta-analysis. JAMA Netw Open. 2021;4(3):e213520. doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.3520.