Intensificação da terapia sistêmica em adição ao tratamento local definitivo no câncer de próstata desfavorável não metastático: uma revisão sistemática e metanálise
20/05/2022Riscos e dilemas éticos da inteligência artificial na saúde
26/05/2022Entenda o contexto da área da saúde no pós-pandemia e os desafios a serem superados, no artigo do Superintendente do HCFMUSP.
RESUMO
O pós-pandemia ainda parece distante para nós brasileiros, mas é para este futuro que os investidores de longo prazo olham em busca de novas possibilidades para o mercado. Uma das grandes transformações do sistema de saúde do país, impulsionadas pela pandemia de Covid-19, foi a telemedicina. Apesar do cenário ser desafiador, a pesquisa da Deloitte “Perspectivas Globais do Setor de Saúde 2021” mostra que este é o momento de todo o ecossistema entender como avançar no novo cenário.
O Brasil é um lugar com bons ativos a oferecer em diversos setores, quase sempre atravessado pelos motes de tecnologia e sustentabilidade. Entretanto, a força de trabalho, infraestrutura e cadeia de abastecimento do setor da saúde ainda enfrentam desafios quando o assunto é inovação durante o período pandêmico. Algumas questões setoriais foram destacadas no relatório da consultoria, são elas:
- Consumidores e experiências humanas;
- Inovação do modelo de assistência;
- Transformação digital e dados interoperáveis;
- Desigualdade (no acesso ao sistema de saúde)
- Cooperação em todo ecossistema;
- Futuro do trabalho e reserva de talentos.
Estes pontos, considerados urgentes, desafiam os governos, a classe trabalhadora, investidores e outros stakeholders. Segundo a Deloitte, a forma escolhida para responder a essas questões “moldará a capacidade (da cadeia) de se recuperar e prosperar no período pós-pandêmico”.
Para além das questões setoriais urgentes, há a somatória do envelhecimento da população, aumento da demanda por cuidado, recuperação econômica, avanços tecnológicos e clínicos, custos trabalhistas e expansão do público e dos sistemas de saúde. Acompanhe a análise a seguir:
1 – Consumidores e experiências humanas
O relatório da Deloitte aponta que, em algumas partes do mundo, as pessoas têm ajudado a acelerar o ritmo da transformação do setor da saúde. Isso porque se habituaram a ter consultas virtuais e passaram a usar mais a tecnologia para monitorar a saúde.
O número de consumidores que utilizam a teleconsulta passou de 15% em 2019 para 19% no início de 2020; em abril de 2020, esse número saltou para 28%. Além disso, 80% dos consumidores manifestaram o desejo de continuar a ter consultas online mesmo após a pandemia. Sobre o uso de tecnologia, as pessoas têm monitorado a saúde a partir de dispositivos de condicionamento (pulseiras inteligentes, smartwatches, etc.).
2 – Inovação do modelo de assistência
Segundo o relatório, a telemedicina foi a grande responsável pela mudança na prestação de serviço à saúde. Não só pacientes, mas profissionais da área, clínicas e hospitais passaram a se apoiar nessa inovação. Os dados mostram que 72% dos consumidores têm a saúde e bem-estar como prioridades, 60% dos médicos buscam priorizar a prevenção e bem-estar dos pacientes, e 75% dos pacientes esperam trabalhar em parceria com fornecedores de serviços de saúde (academias, profissionais de educação física, de nutrição, entre outras áreas).
3 – Transformação digital e dados interoperáveis
Em 2020, a Covid-19 foi um impulsionador e acelerador da inovação digital em saúde. A pandemia ajudou a quebrar regulamentações, questões financeiras e barreiras comportamentais para permitir que o atendimento virtual fosse amplamente integrado ao nosso sistema de saúde e, assim, atender às necessidades dos pacientes. Um exemplo é a Inteligência Artificial (IA) – que até então era focada em automatizar processos manuais no setor da saúde e, após a pandemia, passou a ser usada para ajudar a resolver problemas clínicos e não clínicos.
4 – Desigualdade (no acesso ao sistema de saúde)
A pandemia de Covid-19 expôs e exacerbou um vasto leque de desigualdades. Alguns estudos dizem que até 80% dos resultados de saúde são afetados por fatores sociais, econômicos e ambientais. A equidade na saúde se destacou e está ampliando o profundo impacto que o racismo sistêmico pode ter na saúde e no bem-estar.
5 – Cooperação em todo ecossistema
Além de tornar-se evidente, foi e ainda é imprescindível durante a cadeia de abastecimento relativos à Covid-19. Provedores continuam a lutar contra os problemas da cadeia de suprimentos em 2021, uma vez que os surtos do coronavírus ainda não acabaram e, assim, fazem da cooperação um pilar para atender às necessidades.
6 – Futuro do trabalho e reserva de talentos
A Covid-19 se tornou o catalisador para um futuro de trabalho e reserva de talentos na área da saúde que, de outra forma, poderia levar anos para ser alcançado. Como contratação de equipe médica, adaptação ao local de trabalho virtual, requalificação e aprimoramento, assimilação das habilidades de tecnologia humana e diversidade e inclusão.
Sendo assim, apesar do cenário, concordo que é momento de todo o ecossistema entender como conseguir avançar nessa jornada de transformação. Para ter acesso ao relatório completo da Deloitte, acesse aqui.
Antonio José Rodrigues Pereira (Tomzé), Superintendente do HCFMUSP