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Um estudo recente publicado no Diabetes, Obesity, and Metabolism revelou que o tratamento da osteoporose com denosumabe, em comparação com a terapia à base de bisfosfonatos, pode ajudar a prevenir a progressão para o diabetes tipo 2 (T2D) em indivíduos com alto risco para a condição. Além disso, o uso de denosumabe em pacientes com T2D estabelecido pode estar associado à redução da mortalidade por todas as causas e ao menor risco de ulcerações nos pés. No entanto, o estudo também apontou um possível aumento no risco de nefropatia.
Metodologia do Estudo
A pesquisa foi baseada em uma análise retrospectiva de um banco de dados global federado, envolvendo 331.375 pacientes sem histórico de T2D ou câncer. Desses, 45.854 foram tratados com denosumabe e 285.521 com bisfosfonatos, abrangendo 83 organizações de saúde. Para reduzir vieses, os pesquisadores usaram emparelhamento por escore de propensão (1:1), resultando em 45.851 pacientes por coorte.
A análise secundária incluiu 40.779 pacientes com T2D pré-existente, sendo 5.771 tratados com denosumabe e 35.008 com bisfosfonatos. Além disso, uma revisão sistemática e metanálise foi realizada com dados de quatro estudos, totalizando 185.386 participantes.
Principais Descobertas
O tratamento com denosumabe demonstrou uma redução significativa no risco de desenvolvimento de T2D, com uma taxa de incidência de 45,78 casos por 1.000 pessoas/ano para o denosumabe, em comparação com 56,16 para os bisfosfonatos. A redução do risco foi mais evidente entre indivíduos com sobrepeso ou obesidade, mas não entre aqueles com peso normal. Além disso, pacientes com 60 anos ou mais apresentaram menor risco de desenvolver T2D, enquanto aqueles com menos de 60 anos não demonstraram uma diferença significativa.
Entre os pacientes com T2D estabelecido, o uso de denosumabe foi associado a menor mortalidade por todas as causas e menor risco de ulcerações nos pés. No entanto, não houve impacto significativo na retinopatia, neuropatia periférica ou amputações. Por outro lado, os dados apontaram um aumento no risco de nefropatia.
A pesquisa também indicou que o uso de denosumabe não reduziu o risco de doenças cardiovasculares, como doença isquêmica do coração, insuficiência cardíaca ou arritmias, nem de acidentes cerebrovasculares.
Aplicação Clínica
Os autores do estudo, liderados por Alex E. Henney, da University of Liverpool e do Liverpool University Hospitals NHS Foundation Trust, destacaram que essa é a maior pesquisa de coorte do mundo real sobre o tema. Segundo eles, os achados sugerem uma potencial associação entre o tratamento com denosumabe e a redução do risco de T2D, especialmente em pacientes mais velhos com sobrepeso ou obesidade. Eles ressaltam que essas descobertas podem ser usadas para projetar futuros ensaios clínicos randomizados que confirmem ou refutem os resultados obtidos.
Limitações do Estudo
Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores alertam que os dados analisados não foram obtidos em um estudo randomizado e controlado, o que pode introduzir viés na comparação entre os grupos. Além disso, a natureza retrospectiva da pesquisa e a possível falta de completude nos registros eletrônicos de saúde podem ter impactado os achados.
Referências Henney AE, et al. Denosumab for osteoporosis may prevent type 2 diabetes [Internet]. Medscape; 2024 [visitado 20 Mar 2025]. Disponível em: https://www.medscape.com/s/viewarticle/denosumab-osteoporosis-may-prevent-type-2-diabetes-2024a1000c4r?form=fpf