Colchicina no Infarto Agudo do Miocárdio: Um Futuro Promissor ou um Caminho Sem Saída? – DrHub

Colchicina no Infarto Agudo do Miocárdio: Um Futuro Promissor ou um Caminho Sem Saída?

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11/03/2025
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A inflamação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e progressão das doenças cardiovasculares, incluindo o infarto agudo do miocárdio (IAM). A busca por terapias anti-inflamatórias eficazes tem levado a estudos sobre medicamentos já conhecidos, como a colchicina, tradicionalmente usada para tratar gota e pericardite. O estudo CLEAR, publicado no The New England Journal of Medicine, avaliou se a colchicina poderia reduzir eventos cardiovasculares adversos após um infarto, trazendo descobertas intrigantes que desafiam as expectativas.


Metodologia do Estudo

O ensaio clínico multicêntrico, randomizado e controlado por placebo incluiu 7.062 pacientes com infarto agudo do miocárdio, acompanhados por um período médio de 3 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos:

✔️ Grupo colchicina: recebeu 0,5 mg/dia do medicamento.
✔️ Grupo placebo: recebeu uma substância inativa.

O objetivo principal foi avaliar a incidência de um desfecho composto por morte cardiovascular, novo infarto, AVC ou necessidade de revascularização urgente. Também foram analisados biomarcadores inflamatórios, como a proteína C-reativa (PCR), além da segurança do medicamento.


Resultados: Impacto Menos Expressivo do que o Esperado

Ao contrário de estudos anteriores que sugeriam benefícios da colchicina na redução de eventos cardiovasculares, o CLEAR não encontrou uma redução significativa no risco do desfecho primário:

🔹 Eventos cardiovasculares ocorreram em 9,1% dos pacientes no grupo colchicina e 9,3% no grupo placebo (HR: 0,99; IC 95%: 0,85–1,16; p=0,93).
🔹 A PCR foi reduzida no grupo colchicina, indicando ação anti-inflamatória, mas sem impacto significativo nos desfechos clínicos.
🔹 Efeitos adversos: a colchicina aumentou a incidência de diarreia (10,2% vs. 6,6% no grupo placebo), mas não houve aumento significativo de infecções graves ou outros efeitos preocupantes.

Esses resultados contradizem estudos anteriores, como o COLCOT e LODOCO 2, que indicaram benefícios cardiovasculares com a colchicina em pacientes com doença arterial coronariana estável.


O Que Isso Significa para a Cardiologia?

O estudo CLEAR sugere que a colchicina pode não ser tão eficaz na prevenção de eventos cardiovasculares após um infarto quanto se imaginava. Entretanto, a redução da inflamação demonstrada pela queda nos níveis de PCR ainda pode ter implicações clínicas, especialmente em subgrupos específicos de pacientes.

Isso nos leva a uma questão fundamental: seria a inflamação um alvo terapêutico insuficiente para prevenir eventos cardiovasculares, ou ainda não encontramos a abordagem ideal? A colchicina fracassou como uma solução definitiva, mas ainda pode ter um papel na cardiologia moderna. Novos estudos serão necessários para esclarecer seu verdadeiro potencial. Para aprofundamento sobre o artigo, N Engl J Med 2025;392:633-42. DOI: 10.1056/NEJMoa2405922

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